domingo, maio 28, 2006

Piada horrorosa!

...mas inevitável...

"Polícia e manifestantes impedem realização da 1º parada gay em Moscou"

E aí vai a resposta russa à pergunta, ser ou não Serguei...

Kibeleza

Esse texticulo aí foi o primeiro a ser publicado por mim sobre Israel, originalmente 02/06/2005, ou seja, há mais ou menos um tempão (para ser bem exato).

Notem o tom mais ou menos sério, e a empáfia de quem acha que sabe do que está falando... Tudo bem, essas coisas passam.

Faz uns cinco ou seis dias que não leio nada sobre Israel na Folha de São Paulo. Isso é bom: nada que a opinião pública internacional possa me fazer ficar sem cabelos de tentar explicar que as coisas não são bem assim. No entanto nada também para puxar o fio de uma crônica.

Podia usar o falso silêncio como tema: mas daí teria que explicar as minúcias da política interna em Israel, na Palestina e no resto do Meio Oriente – para só então explicar por que o silêncio é falso e só não retumba mesmo nos jornais brasileiros.

E as minúcias são muitas, claro. A começar pela comida (onde, para mim, tudo começa). Tinha um restaurantezinho (que provavelmente ainda existe) em Curitiba (pois é... Sou de Curitiba. Ninguém é perfeito) que servia comida árabe. E eu era doido por comida árabe. Kibe eu nem gostava muito, mas tinha esfiha, tabule, kibe cru e outros, afins.

E eu, aqui agora no Oriente Médio... Cadê o kibe? Onde esconderam a esfiha? Gente! Com tanto árabe aqui em volta, onde foi parar a comida que eu gostava? E o pior! ninguém fazendo a menor ideia do que é que eu queria. Nunca tinham ouvido falar dessas coisas. Parti para a ignorância e sai pelas ruas afora.

A primeira coisa que eu descobri foi que não existe esse negócio de "comida árabe". O que é muito justo. É como ir para a China e esperar encontrar um restaurante chinês, ou ir para o Brasil e procurar um restaurante que sirva "Comida Brasileira". Fácil entender; é sabido que colocar na mesma qualificação comida bahiana e churrasco gaúcho é motivo mais que suficiente para uma briga de facas... ou melhor, briga de peixeira com faca de churrasco.

Imagino possível (não aqui em Israel) um restaurante "Brasileiro" fora do Território Nacional apresentar no mesmo cardápio Tutu à Mineira, Pastel de Palmito, Bobó de Camarão, Picanha na brasa e Pizza com Ketchup (comida típica paulista). Mas, afora de uma feira livre, no Brasil não.

E assim é aqui com a famosa "comida árabe". Aqui se encontra comida típica egípcia, tunisiana, marroquina, beduína, iemenita, drusa, síria, libanesa, persa e sei lá quantas outras, cada uma em seu próprio recanto.

Se encontram nos cardápios nomes como couscous marroquino com grão-de-bico, berinjelas de todas as formas e gostos, houmus, tehina, falafel, shawarma (que não passa do famoso "churrasquinho grego") e outros. E nas mesas se encontra uma quantidade assustadora de coentro, azeite de oliva, peixes grelhados, carne de carneiro e grãos. Muitos grãos.

E, não. Couscous não é o cuzcuz brasileiro. Fiz questão de verificar antes de começar a escrever e me arrependi imediatamente: camarão, óleo de dendê, palmito, leite de coco... só de escrever esta linha fiquei com fome por três semanas. Couscous é outra coisa, um prato feito com semolina cozida ao vapor servido com sopa de grãos e carne (de frango ou, às vezes de carneiro) muito temperada (sempre) com uma quantidade abismal de coentro. Muito comum dos países do norte da África. E eu nunca tinha ouvido falar nisso antes de vir para cá.

Tá... Mas e o kibe?

Não tem kibe.

Como assim não tem kibe?

Não existe. Simplesmente não existe. Nem kibe e nem sfiha.

Tabule, por outro lado, é uma comida típica síria que os druzos servem aqui muito bem servido, às vezes com grãos de granada (não aquela que explode... aquela fruta vermelha que mancha a roupa se você não souber como comer).

Kube é uma comida persa bem parecida com o kibe, mas não é kibe. E Sfiha... bem, sfiha eu ainda não encontrei nada nem remotamente parecido.

Estás a ver como o Oriente Médio é um lugar complicado? E o que é pior, totalmente incompreendido pelo brasileiro, a ver pela Tehina que eu comi recentemente no Brasil.

A conclusão sobre essa leve (e livre) disgreção sobre hábitos gastronômicos mediterrâneos é: não vá à China em busca de pastel... não existe kibe mais quibe que o kibe vendido no Brasil.

Back to the future

Houve um tempo em que eu era menos vagal que agora. Sentava a escrever por horas, editava, buscava assunto nos jornais e na Internet e a vida era linda e maravilhosa. Hoje os tempos são outros: trabalho umas 40 horas por dia, minha santa paciência para cousas do mundo virtual já não é mais tão santa assim e, em especial, não me sento a escrever como dantes.

Pois então criei vergonha na cara para pelo menos preencher meu espaçozinho eletrônico uma vez a cada tanto, sem ficar a dever aos nobres amigos que vivem perguntando quando vai ser o grande Come-Back.

Não será agora, minha gente boa, não será. Mas por enquanto vou enchendo linguiça com o que já houve, e com um pensamentozinho aqui, outro acolá, até que esse mundo se acabe, ou até que eu crie, finalmente, vergonha na cara.

Divirtam-se.