terça-feira, fevereiro 24, 2009

Gênios legislativos!

Essa daqui é ótima!!!

(antes de continuar, me desculpo de antemão pelo fato dos links que posto aqui serem uma tradução googlônica dos artigos originais em hebraico. Mas com boa vontade da para entender o que está escrito ali)

Faz uns dias, morreu um investigador* importante da polícia de Israel quando foi ajudar o filho a trocar o pneu furado do carro. Foi feio, especialmente porque foi um atropelamento violento na frente do próprio filho, a morte foi imediata e o responsável estava bêbado e tinha uma ficha mais longa que o discurso do PSOL.

Enfim, hoje sai uma nota** no Maariv explicando a solução encontrada pela polícia:

Multar quem para no acostamento para trocar o pneu!

Seguindo a mesma linha de raciocínio, eu sugiro aqui uma série de passos para combater o crime em Israel.

1) Proibir cidadãos de guardar objetos de valor (ou sem) dentro de casa para evitar roubos! Que absurdo! Quem é que guarda computador, celular, telefone dentro de casa, não é mesmo? Deve estar pedindo para ser roubado! Se todos vivêssemos como monges budistas, sem absolutamente nenhuma posse, não haveria mais roubo!

2) Proibir pedestres de atravessar a rua. Simples assim! Serão atropeladas muito menos pessoas desta maneira. Além do qual, o que é que uma pessoa tem de procurar fora de seu quarteirão? Tem de tudo: mercadinho, verdureiro, e até ponto de ônibus, no caso em que seja necessário um deslocamento maior. Mas fica proibido atravessar a rua. Como têm se visto muito atropelamento sobre as calçadas, em algumas regiões, eu recomendaria às pessoas só sairem de casa no shabat, ou em Yom Kipur. A grande vantagem neste caso é que ninguém mais seria assassinado fora de sua casa. E se for assassinado dentro de casa, os suspeitos se limitam àqueles que sairam de sua casa para irem assassinar (infringindo aqu à lei), ou os que vivem junto com os assassinados: isso tornaria as investigações muito mais simples também.

3) Para evitar tráfico (de seja lá o que for), fechar completamente as fronteiras e os aeroportos.

Apesar de não estar no domínio da polícia, eles ainda recomendam à população que pare de cagar afim de melhorar as condições do sistema de saneamento.

*link original em hebraico aqui.
**link original em hebraico aqui.

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

Da serie: piadas recicladas em vista a traumas recentes

Certa vez um sujeito andava pela praia em algum canto esquecido desse mundo. Andava distraido a pensar lá com seus botões (embora andasse só de bermuda e havaianas) quando topou com alguma coisa na areia que quase lhe quebra do dedão do pé.

Profere alguns despaupérios de maior e menor calibre contra o objeto que quase lhe arranca um bife, olhou para trás afim de encontrar a arma do crime, quando avista um negócio pontudo, dourado, brilhante, classifica a progenitora do responsável por jogá-lo ali de umas coisas muito feias. Quase segue adiante em sua caminhada, meio que mancando da topada, quando resolve examinar melhor o objeto.

Recolhe-o da areia, limpa, e percebe se tratar de uma lâmpada de óleo. Aparentemente bastante antiga e evidentemente exótica:

- Vai dar uma boa grana no e-bay!

Começou a limpar os resíduos de areia esfregando a tal lâmpada na bermuda, quando ouviu um barulho extranho, e uma fumaça colorida sair de dentro da lâmpada. Lhe ocorreu que fosse algum tipo de poluição moderna, mas poluição não tem brilho de purpurina cor de rosa nem cheirinho de patchuli.

Logo a nuvem começou a tomar a forma de um homem de barba, olhos amendoados, turbante e túnica.

- Pronto! - pensou. - Era só o que me faltava! Eu achei a tumba do Clovis Bornay e eu acabo de ressuscitá-lo!

Mas não. Não era o fantasma do Clovis Bornay, era um Gênio. O famoso Gênio da Lâmpada!

É evidente que o sujeito ficou surpreso. A estas alturas a lâmpada já tinha sido atirada ao chão, mais por medo de contaminação daquela viadagem toda (purpurina cor de rosa, cheirinho de patchuli, aquele homão vestido de árabe... era tudo muito suspeito) do que por respeito ao Gênio, agora incontestavelmente reconhecível.

- Mestre! - Saiu uma voz muito forte e grave da boca do Gênio. - Me libertastes de minha prisão, desta lâmpada, de onde não saio desde o carnaval de 1973. Te concedo um desejo.

O rapaz até pensou no assunto, no fato de que a história do jeito que ele conhecia envolvia 3 pedidos, e não apenas 1. Mas ia reclamar com quem? Além disso, todo o resto podia até ser a maior boiolagem, mas aquela voz grave de macho metia medo. E, afinal de contas, um pedido assim de lambuja não era todo dia que se conseguia.

- Qualquer coisa?

- Sim, mestre. Qualquer coisa.

Então ele parou para pensar. Filosofou-se consigo mesmo e decidiu resolver de uma vez por todas um dos seus piores traumas e problemas:

- Seu Gênio, é o seguinte: eu sempre quis conhecer a Austrália. Mas e que eu tenho um pavor terrível de voar de avião, e só de pensar em subir em um navio eu já vomito o que eu comi e o que eu nem comi. Será que não dava para o senhor construir uma ponte daqui até lá?

O Gênio ficou estupefato.

- Uma ponte? Daqui até a Austrália? É isso mesmo?

- É sim. O senhor disse que eu podia pedir o que quisesse...!

- Mas uma ponte? Daqui até a Austrália? Sabe quantas dezenas de milhares de quilómetros são? E você tem noção da profundidade do mar em alguns pontos? Vão ser trilhões de toneladas de concreto... e só de pensar nas correntes... nas tempestades.... Na altura do vão por onde deverão passar os navios... Eu tenho poderes praticamente ilimitados. Mas sinto muito, isso está me parecendo impraticável até mesmo para mim.

O Gênio suspirou profundamente, olhou para o horizonte, onde o mar e o céu se encontravam e sentenciou:

- Não posso. Escolha outro pedido.

Aí o rapaz, que já tinha tocado num assunto que lhe era caro, tentou usar essa sua oportunidade para atingir algo ainda mais profundo. Algo de tremenda importância, se não para si mesmo, para toda a humanidade:

- Seu Gênio, eu sei o que eu quero: eu quero entender as mulheres! Quero entender o que elas querem da vida, do que elas gostam, do que elas precisam, como veem os homens, como fazê-las rir, ou chorar, entender porque fazem o que fazem, porque agem de maneira tão incompreensível. - O sujeito se entusiasmou, e passou a discursar em voz alta, olhando para o mar. - Entender as mulheres! Sim! Saber o que querem! E porque!

Virou-se e viu o Gênio completamente abestalhado, olhos arregalados, pálido (se é que uma massa etérea de purpurina cor de rosa pode vir a ficar pálida) e abatido. Poderia dizer-se até que suava frio.

- E então Vai me atender esse pedido?

O Gênio ainda tentou se recuperar, arfando um pouco, ainda gaguejando, depois de um tempo só pode responder:

- Essa ponte que você queria... quantas pistas mesmo?

Considerações carnavalescas

Na pré adolescência eu já desconfiava que carnaval é um saco. Nem num período AI (antes da internet) eu achava grandes coisas ver bunda em desfile pela televisão. Eu ia à praia e encontrava coisa muito mais autêntica, bonita e à vista. Sem lantejoulas (que até hoje não entendo) nem purpurinas a estragar a vista.

Eu já então desconfiava também que havia alguma coisa de muito errada para marcar uma determinada data no calendário quando seria permitido fazer aquilo que todo mundo já fazia livremente em todos os outros dias do ano de qualquer maneira. Mas eu na minha pré adolescência, pensava: que entendo eu?

É evidente, o tempo passou, hoje sou um homem adulto, e portanto sigo sem entender lhufas. O que hoje eu desconfio é que é tudo uma grande piada, que ninguém entendeu mesmo, mas que todo mundo sai dando risada para não passar por troncho.

Mas fui prum baile de carnaval neste fim de semana. Os motivos são vários. O primeiro são meus amigos, que estariam lá. O segundo é que eu gosto de festa - e aí não me importa época, local ou motivo. Gente boa, cerveja (cara, quente e de marca duvidosa) à beça, uma galerinha que não são bem meus amigos, mas conheço de vista e gosto de ver e o principal de todos os motivos: ficar em casa é prá jacu.

Pois eis que o local está intransitável. Uma roda de capoeira se instalou entre a entrada e o balcão onde se podia comprar uma cerveja (cara, quente e de marca duvidosa).
Eu juro que não tenho nada contra capoeira. Nem sequer contra apresentação de capoeira. Mas além da coisa ter um cheirinho de bossa-pra-turista-ver (nova ortografia: essa coisa de hífen foi pro espaço, ne? que pena), a tal roda estava no meio do caminho entre este que vos escreve e a única coisa que o poderia fazer sambar: álcool. Além do que, o povo, ao invés de participar, bater palma, brincar um pouco, ficava se amontoando ao redor, fazendo a famosa dança-do-pezinho prá ver melhor. Tentei encontrar meus amigos e naquela aglomeração não vi ninguém.

Achei-os logo depois de ter dado a volta, já com a cerveja (cara, quente e de marca duvidosa) na mão. Logo a seguir a roda (e o batuque) acabou. Eu, reclamão de carteirinha ainda comentei:

- Graças a Deus acabou esse negócio.

A Stela dá risada e diz;

- Era exatamente o que eu estava pensando.

Não adianta. Carnaval no exterior fica com o ziriguidum e o telecoteco comprometido. O balacubaco, só com medo do frio nem sai de casa. Fica a gente cheio de casaco a pedir pela mãe do guarda prá batucada acabar logo que o barulho não permite a gente nem ouvir o nome recém dito pela moça a ser paquerada.

Me liga a Yaara (israelense mais brasileira que eu já conheci):

- E aí? Como está a festa?

- Genial. - Gritava eu com o celular quase enfiado dentro do ouvido, o dedo tapando o outro.

- Tem dança, tem samba? Como é que tá o clima?

- Assim: - e olhei ao redor prá poder absorver melhor a atmosfera de carnaval no hemisfério norte - tem uma roda de batucada fazendo um barulho danado. No meio tem três loucas (das quais eu conheço duas e a terceira de vista) dançando. Todo o resto do povo está aglomerado ao redor olhando ou se apertando prá poder olhar melhor.

A Cheby me cutuca com o cotovelo pedindo para eu não desanimar a menina:

- Não é bem assim!

- É bem assim! Mas está divertido. Você vem?

- Já estou chegando. Só estou procurando estacionamento.

Aliás, já não contei em outro canto por aí sobre como é difícil encontrar estacionamento em Tel-Aviv? Em Yafo é pior. Sorte que carnaval não é festa popular por aqui - e que eu cheguei de carona.

De uma maneira geral, o saldo foi bem positivo. Não choveu como estava previsto (embora estivesse frio que só a porra, ventando sem parar), no final das contas a musica melhorou bastante, o teor sanguíneo da minha corrente alcoólica diminuiu consideravelmente e eu fiquei a pensar em basicamente duas questões filosóficas importantes. A primeira é: O ruim do carnaval é essa batucada toda. E a segunda: se eu tenho dois rins, por que não dois fígados?!