segunda-feira, fevereiro 23, 2009

Da serie: piadas recicladas em vista a traumas recentes

Certa vez um sujeito andava pela praia em algum canto esquecido desse mundo. Andava distraido a pensar lá com seus botões (embora andasse só de bermuda e havaianas) quando topou com alguma coisa na areia que quase lhe quebra do dedão do pé.

Profere alguns despaupérios de maior e menor calibre contra o objeto que quase lhe arranca um bife, olhou para trás afim de encontrar a arma do crime, quando avista um negócio pontudo, dourado, brilhante, classifica a progenitora do responsável por jogá-lo ali de umas coisas muito feias. Quase segue adiante em sua caminhada, meio que mancando da topada, quando resolve examinar melhor o objeto.

Recolhe-o da areia, limpa, e percebe se tratar de uma lâmpada de óleo. Aparentemente bastante antiga e evidentemente exótica:

- Vai dar uma boa grana no e-bay!

Começou a limpar os resíduos de areia esfregando a tal lâmpada na bermuda, quando ouviu um barulho extranho, e uma fumaça colorida sair de dentro da lâmpada. Lhe ocorreu que fosse algum tipo de poluição moderna, mas poluição não tem brilho de purpurina cor de rosa nem cheirinho de patchuli.

Logo a nuvem começou a tomar a forma de um homem de barba, olhos amendoados, turbante e túnica.

- Pronto! - pensou. - Era só o que me faltava! Eu achei a tumba do Clovis Bornay e eu acabo de ressuscitá-lo!

Mas não. Não era o fantasma do Clovis Bornay, era um Gênio. O famoso Gênio da Lâmpada!

É evidente que o sujeito ficou surpreso. A estas alturas a lâmpada já tinha sido atirada ao chão, mais por medo de contaminação daquela viadagem toda (purpurina cor de rosa, cheirinho de patchuli, aquele homão vestido de árabe... era tudo muito suspeito) do que por respeito ao Gênio, agora incontestavelmente reconhecível.

- Mestre! - Saiu uma voz muito forte e grave da boca do Gênio. - Me libertastes de minha prisão, desta lâmpada, de onde não saio desde o carnaval de 1973. Te concedo um desejo.

O rapaz até pensou no assunto, no fato de que a história do jeito que ele conhecia envolvia 3 pedidos, e não apenas 1. Mas ia reclamar com quem? Além disso, todo o resto podia até ser a maior boiolagem, mas aquela voz grave de macho metia medo. E, afinal de contas, um pedido assim de lambuja não era todo dia que se conseguia.

- Qualquer coisa?

- Sim, mestre. Qualquer coisa.

Então ele parou para pensar. Filosofou-se consigo mesmo e decidiu resolver de uma vez por todas um dos seus piores traumas e problemas:

- Seu Gênio, é o seguinte: eu sempre quis conhecer a Austrália. Mas e que eu tenho um pavor terrível de voar de avião, e só de pensar em subir em um navio eu já vomito o que eu comi e o que eu nem comi. Será que não dava para o senhor construir uma ponte daqui até lá?

O Gênio ficou estupefato.

- Uma ponte? Daqui até a Austrália? É isso mesmo?

- É sim. O senhor disse que eu podia pedir o que quisesse...!

- Mas uma ponte? Daqui até a Austrália? Sabe quantas dezenas de milhares de quilómetros são? E você tem noção da profundidade do mar em alguns pontos? Vão ser trilhões de toneladas de concreto... e só de pensar nas correntes... nas tempestades.... Na altura do vão por onde deverão passar os navios... Eu tenho poderes praticamente ilimitados. Mas sinto muito, isso está me parecendo impraticável até mesmo para mim.

O Gênio suspirou profundamente, olhou para o horizonte, onde o mar e o céu se encontravam e sentenciou:

- Não posso. Escolha outro pedido.

Aí o rapaz, que já tinha tocado num assunto que lhe era caro, tentou usar essa sua oportunidade para atingir algo ainda mais profundo. Algo de tremenda importância, se não para si mesmo, para toda a humanidade:

- Seu Gênio, eu sei o que eu quero: eu quero entender as mulheres! Quero entender o que elas querem da vida, do que elas gostam, do que elas precisam, como veem os homens, como fazê-las rir, ou chorar, entender porque fazem o que fazem, porque agem de maneira tão incompreensível. - O sujeito se entusiasmou, e passou a discursar em voz alta, olhando para o mar. - Entender as mulheres! Sim! Saber o que querem! E porque!

Virou-se e viu o Gênio completamente abestalhado, olhos arregalados, pálido (se é que uma massa etérea de purpurina cor de rosa pode vir a ficar pálida) e abatido. Poderia dizer-se até que suava frio.

- E então Vai me atender esse pedido?

O Gênio ainda tentou se recuperar, arfando um pouco, ainda gaguejando, depois de um tempo só pode responder:

- Essa ponte que você queria... quantas pistas mesmo?

Um comentário:

Shlomit Or * Luciana Gama disse...

Puxa, Gabriel...mas as mulheres são tão incompreensíveis assim? Lama?:)
Naim Meod.